Um estudo internacional reforçou a necessidade de regulamentar o uso do canabidiol em cães. Conforme relatado pela conhecida revista científica veterinária Frontiers in Veterinary Science, administrar a planta a cachorros saudáveis em doses moderadas por períodos prolongados é seguro e eficaz.
Reportado pelo portal Pet Product News, o estudo examinou diversos tipos de canabinoides, que foram bem tolerados por cães saudáveis durante um período de 90 dias. A dose considerada segura, sem riscos para os animais de estimação, é de cinco miligramas por quilograma de peso corporal por dia. Além de ajudar a aliviar dores locais, a planta também pode auxiliar na regulação do apetite, fertilidade e equilíbrio dos sistemas endócrino e imunológico.
As descobertas do ensaio clínico são apoiadas por dados coletados ao longo de dez anos pelo NASC Adverse Event Reporting Database (NAERS), o sistema de monitoramento mais avançado do mundo para produtos destinados a animais de companhia.
O estudo envolveu 32 cães da raça beagle, distribuídos aleatoriamente em quatro grupos de tratamento, recebendo placebo ou diferentes combinações de canabinoides (CBD, CBDA e CBG). Todos os animais completaram o estudo, demonstrando boa tolerância ao CBD isolado ou combinado com CBG ou CBDA ao longo dos 90 dias de administração.
No Brasil, veterinários têm lutado desde 2021 pela regulamentação da cannabis na saúde animal, enfrentando desafios burocráticos e resistência do poder público. O Grupo de Trabalho da Cannabis, com apoio do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), busca essa regulamentação. Atualmente, as indústrias interessadas em desenvolver produtos à base de canabidiol para uso veterinário podem solicitar autorização especial junto à Anvisa para pesquisa ou desenvolvimento, de acordo com a RDC 659/2022, que regula a importação e exportação de substâncias controladas.
No entanto, ainda não há resoluções que estabeleçam parâmetros para a prescrição de cannabis veterinária, limitando sua aplicação a profissionais credenciados pelo CFMV e apenas para uso humano. Rodrigo Montezuma, representante do Grupo de Trabalho e assessor técnico jurídico do CFMV, destacou que essa falta de opções legais priva muitos animais e seus cuidadores de um tratamento alternativo que poderia proporcionar alívio para diversas condições de saúde.
Fonte: Panorama PetVet, com adaptações da equipe Padaria Pet
